Banco de alimentos garante o direito à alimentação de qualidade

Banco de alimentos garante o direito à alimentação de qualidade

Para que serve um Centro de Referência da Assistência Social (Cras)? A resposta a esta pergunta era desconhecida pela dona de casa Eyschila Carla da Conceição, de 19 anos, até engravidar, decidir morar com o pai de seu filho, que não tem um emprego formal, e ela ficar desempregada. Tudo aconteceu de forma simultânea. “No Cras descobri que tinha direitos, muitos direitos como pessoa. Hoje, estou usando o direito à alimentação que veio com a orientação de retirada da cesta básica, porque estou precisando mesmo. Esta é a primeira vez que venho pegar”, disse ela.

Eschyla foi uma das 200 famílias beneficiadas com a entrega das cestas de alimentos organizada pelo Banco de Alimentos Herbert de Souza. A retirada foi na Casa Azul, em São Pedro.

As cestas foram montadas por meio das doações recebidas pelo equipamento de diferentes fontes. Ao todo, foram quatro toneladas de alimentos (arroz, feijão, açúcar, fubá, farinha de mandioca, macarrão, biscoito, óleo e pó de café), além de uma tonelada de frutas (banana e mamão) provenientes do Mesa Brasil. As cestas de alimentos foram organizadas com as doações vindas de parceiros do Banco de Alimentos como, o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social Sebastião Perovan (Idespe), Vitória Futebol Clube e a Associação do Ministério Público.

Eyschila contou que o dinheiro que o marido recebe com os trabalhos esporádicos é suficiente apenas para pagar as contas básicas de água e luz. “A gente mora de aluguel, ainda bem que a dona da casa é gente boa e espera”, complementou ela. Com
a instabilidade de renda, o interesse em saber como faz para comprar alimentos e produtos de higiene pessoal foi imediato e, a jovem não escondeu sua real situação: “Corro para a casa da minha mãe para não faltar. Ela divide o que tem comigo.”

“A gente vive em rede. Quando falta na minha casa vou pra casa da minha mãe. Quando falta na casa dela vamos pra casa da minha avó e, quando falta lá a gente vai para o Cras”, disse ela, olhando afetuosamente para a mãe, a dona de casa Luziene de Lourdes de oliveira da Conceição, que a acompanhava para levar a cesta que pesava aproximadamente 17,7 quilos.

A jovem Edilene Castro, de 23 anos, grávida de oito meses de Marcos Junior, também se beneficiou da cesta básica pela primeira vez. Por estar desempregada, e o namorado sem trabalho fixo, até receber a cesta básica, a alimentação do casal era proveniente de doações de parentes. “A gente vive de arroz, feijão e, quando dá, ovo. O dinheiro dos bicos é para pagar água e luz”, disse ela.

Durante a conversa, Edilene deixa evidente a situação de insegurança alimentar e nutricional da família ao revelar que a médica manda comer um monte de alimento que a gente não tem condição de comprar. “Esta cesta vai ajudar muito a variar um pouco. Estou feliz em receber. Não sabia que tinha esse direito. Se é um direito vou usufruir com tranquilidade, sem vergonha”, falou ela.

Segundo a gerente de Segurança Alimentar e Nutricional da Secretaria de Assistência Social de Vitória (Semas), Roseane Fernandes, as famílias selecionadas são atendidas pelos Cras São Pedro 1 e 2. Ela explicou que o primeiro critério para ter acesso a este benefício é a família estar em uma situação de desproteção social, como insuficiência de renda, fragilidade de vínculos, entre outros.

A entrega das cestas de alimentos é voltada para famílias em vulnerabilidade social. A partir da avaliação feita pela equipe psicossocial de cada serviço é mantida uma organização interna de informações objetivas para avaliar as famílias com maior demanda de alimentos, tais como renda familiar, o número de membros da família e se há algum membro do grupo prioritário como idosos, pessoas com deficiência e crianças.

Vale ressaltar que é necessário passar por avaliação e realizar agendamento prévio para a retirada das cestas. Caso a família não esteja cadastrada para receber o benefício, basta procurar o serviço da assistência social que a atende. A demanda será avaliada (resolução Comasv 16/2017) e a cesta básica poderá ser retirada conforme disponibilidade.

Para a secretária de Assistência Social, Cintya Schulz, a entrega das cestas de alimentos é um reforço às ações de combate à fome e garantia do direito humano à alimentação adequada.