Conheça Maria da Glória, homenageada que deu o nome ao Cras de Jucutuquara
Em 2019, em um momento de muita felicidade e respeito, o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de Jucutuquara ganhou uma nova placa de identificação, que recebeu o nome “Maria da Glória Monteiro Alves”.
Na época, profissionais do Cras e a equipe da Secretaria Municipal Assistência Social (Semas) prestaram uma homenagem a familiares e amigos de Maria, personalidade emblemática do bairro, que veio a falecer em 2010, aos 85 anos.
Você pode estar se perguntando quem foi Maria da Glória, saudosa pessoa que foi homenageada dando nome ao Cras. Pergunta não muito difícil de ser respondida, Dona Glória, como também era conhecida, nascida em fevereiro de 1925, foi benzedeira, parteira e médium.
Com seu conhecido dom de benzer, Dona Glória ajudou diversas famílias na saúde e recuperação de seus filhos. Teve diversos empregos e também oito filhos. O seu dom, que de graça recebeu, de estar a serviço da cura e recuperação do corpo, de graça colocou-se a serviço de quem precisava.
Por sua imensa contribuição ao estado, foi indicada a receber uma homenagem do Cras, tendo seu nome recebido a maior indicação para representar o bairro de Jucutuquara.
História de vida
Mesmo com a dificuldade que a cercava, após perder a mãe ainda com oito anos de idade, Dona Maria sonhava em ser professora, e continuou a estudar em busca de realizar seu sonho. Passou a aprender a profissão de doméstica ao lado de sua tia, que a ensinou também a ser parteira e encontrar os ensinamentos para compreender a vida. Aprendeu a benzer e reconhecer seu dom.
Largou a escola na quinta série e retornou aos estudos com 45 anos, na década de 70, infelizmente não realizou o objetivo de ser professora, mas conquistou em seus filhos e netos.
Com oito filhos, 15 netos e 21 bisnetos, com a família ainda crescendo, Maria deixa um legado para quem fica. Integrante do movimento comunitário do bairro, sempre foi referência na mediação de famílias que precisavam de ajuda, tendo participação fundamental também em cursos profissionalizantes, como de manicure, corte e costura, auxiliar de direcionamento, entre outros.
Além de ser reconhecida por seus dons de benzer, Dona Glória também era conhecida por sua famosa culinária, ao lado também do esposo Orestes. Em uma parceria admirável, a família de Glória era lembrada quando falava-se em feijoada, galinhada, feijão tropeiro e muitos outros pratos que eram de dar água na boca.
O carnaval de Vitória também teve contribuição desta figura emblemática que era Glória. Foi fundadora, ao lado de seu esposo, de sua tia e filhos, do bloco “Unidos de Jucutuquara”, ainda em 1972, tornando-se, tempos depois, a escola de samba.
O bloco tinha a casa de Maria como sede e “quadra” de samba. Em sua escola do coração, rodou a saia na ala das baianas até os 73 anos de idade, encantando e levando alegria para os desfiles.
No dia 11 de dezembro de 2010, aos 85 anos, na tarde de um sábado e na quadra da sua escola de samba, a Unidos de Jucutuquara, devido a um infarto no miocárdio, Dona Glória se levantou da mesa onde estava sentada, foi até o meio de uma roda de samba, arriscou uns passos de dança e com toda sutileza e tranquilidade, partiu como todo bom sambista, em casa.
Para Maria Julieta Monteiro da Penha e Genivaldo Monteiro Alves, filhos de Dona Maria da Glória, a mãe foi uma mulher dedicada, mãe de leite de tantos outros, assim também como mãe de coração de tantos outros filhos.
“Foi também uma esposa dedicada e parceira, junto com seu marido, Orestes Alves do Nascimento, criou com muita luta e carinho todos os filhos, com honra e dignidade. Ainda criança, aos 12 anos, ficou órfã de mãe e assim teve que criar os três irmãos menores, que também ficaram órfãos. Os anos se passaram e onde havia muita luta, muitas alegrias também”, disseram.
Para a nora, Marinilce, a passagem de Dona Glória foi a que mais a marcou, assim como sua partida. “Foi uma coisa, assim, excepcional, porque aconteceu em uma confraternização de Natal da Escola de Samba, onde ela levanta numa roda de samba da velha guarda, se confraternizando, cumprimenta todos, um por um, quando ela termina de cumprimentar todos, ela simplesmente cai… infartando. Então, assim, ela morreu sem sofrimento, sem nada, uma pessoa que sempre pregou bem a todas as pessoas, teve sua morte dentro de um espaço onde ela sempre trabalhou. Foi uma passagem bonita, no meio de uma festa, muito marcante”, comentou.
Nome ao Cras
A coordenadora do Cras de Jucutuquara, Josenici Rodrigues, disse que por ser uma unidade pública que atua com famílias e indivíduos por meio de serviços, programas e projetos voltados principalmente para o convívio familiar e comunitário, é importante conhecer o bairro para qualificar as ações, dinâmicas e métodos de trabalho a serem utilizados no atendimento ao público.
“Conhecer e utilizar o saber da comunidade em que está inserido é matéria-prima para o desenvolvimento de prestação de serviços públicos pautados no campo dos direitos sociais. É importante que a escolha do nome de uma unidade do Cras esteja combinando com os pressupostos da convivência familiar e comunitária. No caso da homenageada (por sinal, escolhida por voto popular) deve-se a sua atuação na comunidade, nos campos da cultura, da culinária, do esporte e da religião”, disse a coordenadora do Cras, Josenici Rodrigues.
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