“Quero ter emprego e vida digna”, sonha ex-atendida pelo Centro Pop
Antes ela dormia ao relento ou sob uma marquise. Hoje, coloca a cabeça no travesseiro da cama quentinha sob o olhar e debaixo das orações da mãe. Essa foi a virada que aconteceu na vida da Keila dos Santos Silva, de 49 anos, que era uma das atendidas pelo Centro Pop, um equipamento da Prefeitura de Cariacica que é voltado para pessoas em situação de rua.
Keila voltou para a casa da mãe, em Nova Rosa da Penha, depois de dois anos nas ruas. “Eu larguei minha família por causa de uma depressão, e logo me envolvi com pessoas que me levaram para o alcoolismo e para as drogas. Usei crack uma vez e depois não conseguia parar”, contou.
Viver nas ruas era motivo de medo e vergonha para ela. “Eu tinha muito medo de ser morta enquanto dormia, porque eu brigava com as pessoas quando bebia. Além disso, quem fica na rua perde o respeito e a dignidade. Eu me escondia quando encontrava algum conhecido quando estava naquela situação”, relembra.
A moradora de Cariacica afirma que ficava triste com a reação da população diante da condição em que ela se encontrava. “Não sou uma criminosa, nem me prostituí, mas quem passa por nós tem medo do que podemos fazer”, relata.
Embora passasse grande parte do tempo alcoolizada ou sob efeito de drogas, nos dias de lucidez ela se perguntava: “O que estou fazendo aqui?”. Foi num momento como este que Keila ouviu as dicas dos colegas e procurou o Centro Pop.
Era neste importante equipamento da Secretaria de Assistência Social (Semas) que Keila se alimentava, fazia sua higiene diária e conseguiu inclusive fazer um curso de Agente de Portaria, que teve o objetivo de oferecer novas perspectivas de futuro às pessoas em situação de rua atendidas.
“Os atendidos no Centro Pop precisam sempre ter em mente que essa situação em que eles estão é apenas transitória. Oferecemos oficinas e cursos para que eles enxerguem que podem ter oportunidades. Queremos que recuperem a autoestima e a dignidade”, enfatizou a secretária de Assistência Social Danyelle Lirio.
Em contato com essa nova possibilidade de futuro oferecida pelo Centro Pop, Keila começou a aceitar pequenos trabalhos e, depois de se separar de um companheiro, ela decidiu largar as ruas e voltar para a casa da mãe, dona Luzia Francisco dos Santos, de 72 anos.
“Eu sofria em ver a Keila naquela situação e cheguei a emagrecer 15 quilos, porque não criei minha filha para isso. Minha felicidade foi enorme quando ela me ligou dizendo que estava voltando para casa. No dia, chorei foi de alegria”, lembrou a pensionista.
Keila agora precisa de nova documentação. Com a ajuda dos profissionais do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de Nova Rosa da Penha, já está providenciando a nova carteira de identidade que havia sido perdida.
Ela voltou a morar com a família há um mês e meio e agora está em busca de uma oportunidade de trabalho. “Quero arrumar um emprego e ter uma vida digna. Vou ficar firme para conseguir ficar com meus filhos novamente”, sonha ela, que já atuou como auxiliar de cozinha.
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