Usuários Propõem o Fim do Pedágio na Rodosol na Tribuna Popular
Para o líder comunitário Mário Lopes, a cobrança é um atraso para o desenvolvimento do norte de Guarapari e prejudica moradores e trabalhadores
O fim da cobrança de pedágio na Rodosol, dentro do município de Guarapari, foi tema de destaque durante a Tribuna Popular, na sessão ordinária desta quarta-feira (6). Os deputados receberam o presidente do Conselho Interativo de Segurança e Defesa Social da Região Norte de Guarapari, Mário Lúcio Santos Lopes, que falou sobre o assunto a convite do deputado Zé Preto (PL).
“O pedágio deveria ter o seu contrato encerrado agora no dia 22 de dezembro. Esse contrato, quando feito, a sociedade civil organizada não foi ouvida. Ele foi instalado de forma muito equivocada, dentro do município de Guarapari. Ele dividiu o município. Hoje existe uma população do entorno desse pedágio que sofre todas as mazelas que esse pedágio traz”, apontou.
Recentemente foi rejeitada, na Assembleia Legislativa, uma emenda do deputado Gandini (Cidadania) ao Projeto de Lei Complementar (PLC) 51/2023, solicitando a extinção da cobrança. “Alguns deputados que votaram a favor dessa manutenção do pedágio, eles só se equivocaram ao não ouvir a vontade popular de Guarapari, que é quem principalmente sofre com a instalação desse pedágio dentro do próprio município”, afirmou Mário Lúcio.
O convidado listou alguns dos malefícios causados pela cobrança: “De ordem social, familiar e até de cidadania. Muitos moradores que ali moram, quando precisam se deslocar ao centro de Guarapari, eles têm que pagar R$ 12,60 por cada passagem. Os trabalhadores da construção civil, principalmente, que executam serviço dentro do município de Guarapari, também têm que pagar todos os dias esse pedágio”, lamentou.
O convidado afirmou que a tarifa é um atraso para o desenvolvimento da região. “Eu tenho absoluta certeza de que os deputados que aqui votaram a favor da manutenção não tinham conhecimento dessas mazelas. E nós podemos rever isso. (…) É uma barreira para o crescimento da Região Norte de Guarapari”, disse.
Justificativas do governo
O líder comunitário não concorda com os alegações do governo para a manutenção da cobrança. “O governo justifica manter o pedágio utilizando a argumentação do serviço de ambulância, do serviço de videomonitoramento e o serviço de guincho, que englobando tudo é o Serviço de Atendimento ao Usuário. (…) Eu quero dizer que essas três justificativas que o secretariado tem colocado para a sociedade e que a imprensa tem divulgado insistentemente essa situação, que eles estão equivocados”, opinou.
“Recentemente o governo gastou milhões com o ‘Cerco Inteligente’. Em todas as rodovias estaduais foram colocadas câmeras de altíssima tecnologia, um instrumento de excelência, que pode muito bem atender as necessidades da Rodosol. E também a questão das ambulâncias, nenhum sinistro grave deixou de ser atendido pelo Samu ou pelo Corpo de Bombeiros”, ponderou.
“O interesse público primário de Guarapari não aceita o pedágio na Rodosol. Nós queremos pedágio zero. E o interesse público, quando provocado, não dá essa oportunidade do governante, do gestor, seja ele prefeito, governador, presidente da República, ele não tem a discricionariedade de dizer se vai ou não fazer. Ele é obrigado a fazer. Isso é uma demanda do interesse público. É a soberania do interesse público”, concluiu o convidado.
Proponente da pauta, o deputado Zé Preto disse concordar com o fim da tarifa e cobrou uma resposta do governo. “Eu tenho certeza de que o governador vai nos dar uma resposta, os deputados estão cobrando. (…) Uma área tão bonita, na saída de Setiba. Lugar bom pra fazer galpão, pra instalar indústrias, empresas, mas aí você esbarra no pedágio, o pedágio mais caro do Brasil. Indo e vindo, pelo tamanho, pela dimensão, é o pedágio mais caro do Brasil, sem sombra de dúvidas”, disse o parlamentar.
“Aquela região passou a ser muito carente. O pedágio regrediu o progresso, se tornou um bairro muito carente, muito humilde, com muita deficiência, com investimento em infraestrutura zero por parte do município. Sequer tem água da Cesan lá, a água lá é de uma segunda via, de uma empresa que presta serviço lá, com uma água de péssima qualidade”, apontou Zé Preto.
Para o autor de emenda pelo fim do pedágio, não há motivo para a manutenção da tarifa. “É simplesmente manutenção, como o governo faz em todas as outras vias do estado. Não tem justificativa para esse pedágio continuar. Essa é a lógica que a gente está se baseando para que a gente tenha o pedágio zero. (…) Eu acho que a gente tem que acionar qualquer instância que for necessária, até porque não tem previsão de nenhum investimento”, avaliou.
“Me juntei ao movimento por acreditar que, de fato, a gente precisa que, nesse momento, não tenhamos pedágio. Se for discutido algo no futuro, de investimento, tem que ouvir a população. (…) Não dá pra fazer esse movimento de continuar o pedágio sem ouvir a população”, finalizou Gandini.
Dia Nacional da Extensão Rural
Também convidado da Tribuna Popular, o presidente da Associação dos Servidores do Incaper (Assin), Luiz Carlos Leonardi Bricalli, defendeu melhorias para a categoria. A proponente da pauta foi a deputada Camila Valadão (Psol). No dia 6 de dezembro é comemorado o Dia Nacional da Extensão Rural. “Embora hoje seja um dia comemorativo pra gente, na verdade a gente tem muito a refletir no dia de hoje”, afirmou Bricalli.
Em alusão a um vídeo publicado pelo secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli, no qual o gestor afirma que “o Incaper pode ser extinto porque a iniciativa privada pode substituí-lo”, o convidado teceu comentários reprovando a fala do secretário.
“A gente ficou muito insatisfeito com essa questão, que na verdade a gente percebe algumas coisas ruins que vêm acontecendo e aquele vídeo serviu para mostrar que realmente parece que tem algo em curso. Só que depois ele foi para a televisão se justificar e falar da importância do Incaper”, comentou.
“Se a gente tem alguma coisa de alimentação saudável na mesa dos brasileiros, e dos capixabas, em especial, é porque tem uma instituição de extensão rural e pesquisa por trás, que faz o seu trabalho todos os dias, pra garantir que esse alimento tenha um pouco mais de qualidade”, defendeu o convidado.
“Na verdade quem entrega a vida são os servidores públicos, os extensionistas, que todos os dias saem de suas casas para tentar deixar a vida do capixaba mais saudável e saborosa. (…) Na verdade nunca quisemos viver para um governo. A Assin, a extensão rural, os servidores do Incaper e o serviço público vivem para atender à sociedade”, concluiu.
Em consonância com a fala de Bricalli, a deputada Camila Valadão ressaltou a importância do trabalho desenvolvido pela categoria. “Queria dizer da importância do trabalho desenvolvido por vocês, da assistência técnica, da extensão rural, da pesquisa, dizer que o nosso mandato está à disposição para a defesa, se necessária, intransigente, do Incaper. A nossa defesa é a defesa do fortalecimento do Incaper. Porque falar do Incaper fortalecido é falar da agricultura familiar, do desenvolvimento sustentável, conforme nós tanto defendemos”, avaliou a parlamentar.
“E tem uma consigna que os movimentos sociais do campo, especialmente aqueles que trabalham com a agroecologia, utilizam muito: ‘Se o campo não planta a cidade não janta’. Eu acho que essa consigna é fundamenta pra gente entender e evidenciar a importância, dentro de uma relação que a gente espera que seja cada vez mais de articulação entre campo e cidade e não de separação entre essas dimensões”, finalizou a deputada.
PcD
O último convidado da Tribuna Popular desta quarta foi o atleta de skate downhill Kassy Jhones. O atleta é deficiente físico e já foi campeão brasileiro e sul-americano na categoria. “Saí de Nova Rosa para o mundo. Fui para os Estados Unidos sozinho, sem saber fala nada (de inglês) praticamente. Eu me sinto obrigado a levar a minha história pras escolas, pras empresas, para que a gente trabalhe esse capacitismo”, disse o convidado do deputado Delegado Danilo Bahiense (PL).
“Eu sou deficiente físico de nascença, já nasci com essa deficiência e a minha história, infelizmente, começa de uma maneira muito ruim. Eu levava uma vida completamente normal até eu ter o meu pai assassinado na minha frente em pleno Dia dos Pais. Eu vendo toda aquela cena, isso me deixou muito comovido, eu tive um início de depressão, não foi fácil pra mim. E se a vida pra mim já era muito difícil, sendo deficiente, passou a piorar ainda mais”, confidenciou Kassy Jhones.
O convidado conseguiu recentemente, com o auxílio do Instituto Salomão, retirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). “Tem cotas para deficientes nas empresas, mas ainda assim é muito difícil entrar no mercado de trabalho. Agora com a possibilidade de tirar a minha carteira (CNH), a gente pode ir muito além de só tirar a carteira. A minha ideia é ser o primeiro instrutor de trânsito em autoescola, o primeiro com deficiência física no Brasil”, contou.
Kassy pretende usar a sua história como exemplo para inspirar mais pessoas. “Nunca foi falado nada disso pra mim, nunca um professor explicou pra mim que eu era tão capaz quanto qualquer outro aluno da minha turma. E hoje eu quero mostrar pras pessoas que não só nós que temos deficiência que temos problemas. Qualquer pessoa pode se sentir incapaz, pode se achar incapaz. E é isso que eu quero trazer pras pessoas, a certeza de que todas elas são capazes”, falou.
“Eu quero alcançar muito mais que o Espírito Santo, eu quero levar essa história pro Brasil, eu quero levar essa história para o mundo inteiro. Eu quero mostrar que o capixaba é resiliente, que tem paciência, que o capixaba é forte e muito capaz”, finalizou Kassy.
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