Exposição na GAP/UFES com obras de 15 artistas entra na reta final

Exposição na GAP/UFES com obras de 15 artistas entra na reta final

Quem imaginou que o quarto Congresso Internacional de Criatividade e Inovação, CICI, realizado na Ufes entre os dias 12 a 14 desse mês, terminaria com a apresentação dos trabalhos acadêmicos no dia 14, se enganou, uma das atividades vinculadas ao evento, é a exposição que se encontra em andamento na galeria de artes da Ufes, GAP, e vai até o dia 30/11.

Com o título de criAtivAção, a vernissage tem trabalhos de 15 participantes, representando a produção do grupo de extensão e pesquisa em Criatividade, Educação e Arte (GEPCEAr), da Universidade Federal do Espirito Santo, que tem como curadora, Regina Lara (Mackenzie/SP).

“Estão em exposição trabalhos bidimensionais em desenho, pintura, escultura, instalações e fotografia” explica a professora Stela Maris Sanmartin, Coordenadora do GEPCEAr e do Programa de Pós-graduação em Artes/UFES.

 

Exposição

 

Brotar e Florescer

A artista professora, como ela própria se define, Stela Maris Sanmartin traz para a exposição, sua obra chamada “brotar e florescer” que surge de uma proposição denominada por ela de eu planta.  Azaleia foi a flor escolhida e representada no trabalho. Segundo Stela, ao longo de sua pesquisa sobre a flor, descobriu ser a azaleia uma flor símbolo da cidade de São Paulo, sendo a própria artista oriunda dessa cidade, o encontro pareceu muito apropriado.

Foram desenhadas azaleias sendo que, cada uma delas representando um ano de vida da artista. Dentro dessas representações imagéticas, a obra faz menção, através de agrupamento de flores (17), a entrada da professora como docente no curso de Artes da Ufes, assim como sua maturidade enquanto profissional.

Finalizando, fala sobre a inspiração para o trabalho, um sonho de infância com azaleias, que, de alguma forma, retornam agora em forma de arte.

 

eu planta eu criatura eu visceral eu umbigo

A artista Rosana Paste define seu trabalho na exposição como uma das ativações realizadas com o grupo GEPCEAr no ano de 2023. Rosana apresenta o “eu planta” com a sempre viva, uma planta que sobrevive com muito pouco e como ela própria afirma, a representa fortemente. Sobre o mar, também presente no trabalho, faz menção a abstração e a ligação com a ilha de Vitória. Em se tratando do “eu criatura”, a ligação é com um texto da escritora Clarice Linspector e finalmente o “eu umbigo”, em que a artista retirou a forma do próprio corpo e representou em bronze.

Finalizando, ela considera seu trabalho como auto referente e totalmente voltado para questões pessoais e uma possibilidade de reflexão contemporânea.

 

Timoneira

Anne Barbosa e Castro nos traz uma obra composta por imagem e áudio em que os componentes principais, a confusão e desordem, expressas principalmente nas imagens, trazem uma sensação de desconforto a quem as visualiza. Anne ressalta ainda que considera importante não definir o trabalho com rótulos e deixar que quem se encontra com a obra possa abstrair seus próprios conceitos.

Finalizando, ela faz menção ao pé de goiaba, representado na obra, como uma lembrança afetiva da casa de sua avó.

Timoneira nos convida a dialogar com a potência artística desse jovem talento.

 

Desvelamento

O estudante de artes plásticas Marcos Graminha conta que desvelamento é o primeiro trabalho de uma serie que ele denomina visceral, e versa sobre o exato significado do termo desvelar, ou seja, romper um véu e revelar tudo o que está por baixo dele. Marcos explica se tratar de um processo doloroso na medida que se expurga o que se está sentindo. Em seu trabalho, encontramos significações de sentimentos e vivências, sendo a tela a representação de sua própria pele. A exposição do corpo representa a carta 12 do tarô, ou seja, o enforcado, na perspectiva de que tudo tem um fim, ainda que doloroso, necessário para um recomeço.

Marcos finaliza sinalizando que o trabalho de um artista, é seu filho entregue ao mundo, que voe…

 

Watu conta um conto

Sarah Rodrigues Damiani traz em sua foto performance em parceria com a fotografa Paula Barbosa, uma serie denominada Watu conta um conto, a expressão, explica Sarah, faz menção a como os povos Krenak denominam o Rio Doce. É um trabalho dividido em três propostas, sendo a primeira, quem conta seu conto, eu conto seu conto e meu conto se conta.

Contadora de histórias, ela explica essa brincadeira com as palavras, esse jogo, a partir de sua experiencia e o link direto com o Rio Doce, trazendo inclusive uma reflexão necessária a respeito dos eventos recentes envolvendo o rio.

Sarah agrega a seu trabalho, sua atividade nada comum de pernalta, trazendo a perna de pau para compor seu trabalho.

Nascida em Colatina, a artista explica a ligação com o Rio Doce como umbilical e inevitável.

 

Eco e Narciso

O artista e escritor Luciano Tasso traz em sua obra denominada Eco e Narciso, a perspectiva de transportar para o mundo das artes plásticas, a literatura infantil. Para tanto se baseou num poema escrito no século 2 a.C. por um poeta de nome Ovídio que retrata a mitologia de Eco e Narciso. A figura principal é um mergulho que representa, segundo Luciano, a entrada de Narciso na água para se matar. Ele reflete sobre a proposta do grupo GEPCEAr e propõe, a partir de sua obra, um mergulho nas profundezas do próprio eu de cada um. Nesse sentido, o narcisismo, atualmente, se encontra cada vez mais presente, principalmente nas redes sociais.

Finaliza, dizendo que o objetivo maior do trabalho, é que as pessoas entendam que dentro de todo mergulho existe uma posição especifica do indivíduo e cabe a cada um desvendar isso.

 

Corpos Híbridos

Ariel Moura, estudante de artes plásticas define sua obra, “corpos híbridos”, como uma reflexão de sua pesquisa sobre identidade de gênero e o auto retrato. A ideia central é explorar a fusão entre o humano e o artificial. As cores se misturam resultando numa outra cor que simboliza o surgimento de um novo ser. A artista afirma que o corpo e a identidade são moldados pelas experiencias, modelos sociais e relações. A participação na exposição, segundo ela, se reveste de importância, na perspectiva de reforçar sua intencionalidade de utilizar a arte como uma forma de questionamento e dialogo para transformações que vão desafiar as normas e abrir caminho para novas possibilidades de expressão e entendimento.