Má postura é a principal vilã por trás da dor cervical, apontam especialistas

Por Rômulo Paganotto
Alinhamento inadequado da coluna pode desencadear dores no pescoço, tensões musculares e até comprometer a qualidade de vida
A dor cervical — aquela incômoda dor na região do pescoço — tem se tornado cada vez mais comum entre adultos e jovens. A principal causa? A má postura, segundo profissionais da saúde que lidam diretamente com o problema. O uso excessivo de celulares, longas horas em frente ao computador e até a forma como nos sentamos e dormimos têm grande impacto sobre a saúde da coluna cervical.
“Nosso corpo não foi projetado para permanecer horas curvado sobre telas ou sentado sem apoio adequado. Com o tempo, essa sobrecarga causa tensão nos músculos cervicais, compressão de discos intervertebrais e inflamações que resultam em dor”, explica Rômulo Paganotto, especialista em Yawara Seitai, uma técnica oriental voltada para o realinhamento postural e alívio de dores musculoesqueléticas.
A anatomia da dor
A coluna cervical é composta por sete vértebras que sustentam o peso da cabeça e garantem sua mobilidade. Porém, quando o pescoço é projetado constantemente para frente — como ocorre ao olhar para o celular — o esforço que antes era distribuído se concentra em poucos pontos, multiplicando o peso que os músculos precisam suportar.
De acordo com estudos da área de ergonomia, inclinar a cabeça 60 graus à frente pode equivaler a uma carga de 27 quilos sobre a cervical. “Imagine carregar uma criança de seis anos só com os músculos do pescoço, o dia inteiro. É mais ou menos isso que estamos fazendo com nosso corpo, todos os dias, sem perceber”, alerta Rômulo.
Sintomas silenciosos, consequências sérias
Os primeiros sinais costumam ser discretos: rigidez na nuca, estalos ao movimentar a cabeça ou dores que irradiam para os ombros. Porém, ignorar esses sintomas pode levar a quadros mais graves como hérnias cervicais, crises de enxaqueca postural, dormência nos braços e, em alguns casos, dificuldade para dormir e manter o foco.
“Além da dor, o desalinhamento cervical pode afetar a respiração, a digestão e até a regulação do humor, devido à tensão constante nos nervos e musculatura profunda da região”, ressalta o especialista.
Prevenção e tratamento
A boa notícia é que a dor cervical, na maioria dos casos, pode ser prevenida e tratada sem necessidade de intervenção invasiva. A correção postural é o ponto de partida. Isso inclui desde ajustes no ambiente de trabalho até a prática de atividades terapêuticas como Yawara Seitai, fisioterapia, pilates ou alongamentos específicos.
“Um corpo bem alinhado funciona com menos esforço, cansa menos e sente menos dor. O segredo está em manter a coluna em sua curvatura natural e respeitar os limites do corpo”, conclui Rômulo.
Especialistas recomendam também pausas regulares durante o dia, atenção à posição da cabeça ao usar dispositivos eletrônicos e, sempre que possível, buscar avaliação profissional ao primeiro sinal de desconforto.

Especialista em Yawara Seitai, New Seitai e Moxaterapia. Sensei de Jiu-jitsu, atua ajudando pessoas a eliminarem dores e recuperarem o equilíbrio do corpo. Também é Bombeiro Militar do Estado do Espírito Santo e colunista na área de tratamento da coluna.