Serviço de atendimento em domicilio completa um ano

Serviço de atendimento em domicilio completa um ano
Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD)

Na âmbito familiar, a celebração do primeiro ano de vida de um bebê é cercado de simbolismo e comemoração, devido a representatividade da data. E não é diferente quando se trata da implantação de ofertas públicas, dada a relevância dos serviços. Pelo menos, dentro da Secretaria de Assistência Social (Semas), neste mês, que marca um ano da implantação do Serviço da Proteção Social Básica a pessoas com deficiência e pessoas idosas no Domicílio (SAD), que é tipificado e pioneiro no Espírito Santo.

A comemoração se dá pelo número de atendimentos e pelas histórias construídas junto às famílias acompanhadas, neste um ano de funcionamento. Em doze meses, o SAD contabiliza mais de 2.000 atendimentos e 193 pessoas incluídas em acompanhamento. Números que significam novos caminhos, direitos acessados, pessoas que saíram da “invisibilidade” social e comunitária, alcançando seus direitos sociais.

Fazendo um novo paralelo com o universo familiar, como muitas famílias relatam que o primeiro ano de vida é muito desafiador, com o SAD não foi diferente. Para os trabalhadores da “família SAD”, formada por 18 trabalhadores do Sistema Único da Assistência Social (Suas), entre psicólogos, assistentes sociais, educadores sociais, motoristas e supervisor técnico, todo o caminho percorrido fez, e faz, valer a pena com os resultados alcançados com cada uma das pessoas acompanhadas, para suas famílias, cuidadores e comunidade.

Monitoramento

De acordo com o monitoramento do serviço, realizado pela Gerência de Atenção à Família, 21 pessoas foram encaminhadas para acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), 76 tiveram acesso ao cadastro único (inclusão e atualização), oito receberam a carteira da pessoa idosa e 63 receberam o benefício eventual de cesta de alimentos.

Para a supervisora técnica do SAD, Marília Barcelos Dal Cól, isso significa garantir as seguranças afiançadas pelo Suas como renda, convívio ou vivência familiar, comunitária e social, desenvolvimento de autonomia, e apoio e auxílios, por meio de atendimentos planejados, nos domicílios.

Para Kleverton Flávio Ribeiro de Oliveira, assistente social do SAD, o serviço tem um impacto muito positivo na vida das pessoas acompanhadas e nas suas famílias. Como toda afirmação exige comprovação, Kleverton lembrou do caso de uma idosa e de um jovem cadeirante.

“Quando cheguei no território e conversava com as pessoas, ouvia delas, assim: “Aquela velhinha cadeirante” ou “a mulher que rasteja”. Ela só tinha rótulos, a senhora “não tinha nome”. A partir do trabalho, ela foi apresentada pelo nome, Geni. As pessoas começaram a saber quem era ela, sua história de vida, passou a ter importância dentro da comunidade. Essa é uma das histórias de vida reconstruídas, através do acesso aos direitos garantidos por essas famílias”, falou ele.

Dona Geni foi uma das primeiras pessoas a serem inseridas no SAD,  no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Território Itararé. Ela tem 72 anos, reside sozinha, teve sua atualização do CADÚnico realizada pela equipe SAD, e começou a receber o benefício BPC idoso. Geni já recebia atendimentos da Assistência Social de Vitória desde 2014, mas com o decorrer dos anos, chegaram algumas limitações.

Acesso a direitos

O caso mais emblemático, segundo o assistente social, é do jovem Matheus. Ele vivia a dualidade de existir para a família, mas ser invisível como cidadão, pessoa de direitos. Sem documentos pessoais básicos, Matheus só tinha acesso a atendimento da área de saúde, devido à sua condição de pessoa com deficiência física.

Cadeirante, morador do bairro Itararé, Matheus não tinha como ir atrás de sua documentação civil. Acessar esse direito e outros, como, por exemplo, o benefício municipal Vix + Cidadania e o encaminhamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC), benefício socioassistencial do Governo Federal, só foi possível com as intervenções feitas pela equipe do SAD.

O jovem Matheus conheceu a Assistência Social por meio do SAD, em abril de 2023. “Nós mobilizamos a Polícia Civil, que foi até a casa dele. Acionamos organizações da sociedade civil para que ele recebesse a doação de uma cadeira de rodas documentos pessoais; ele teve acesso ao cartão ao Vix Mais Cidadania, entregue em domicílio. Ele ganhou vida, qualidade de vida e existência”, celebrou Kleverton.

O educador social do SAD do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Território Continental, Maksnay Lopes, comunga da mesma percepção que Kleverton sobre o impacto do SAD na vida das famílias atendidas. “Os munícipes tem relatado que tem a sensação de voltar a ser ativos e produtivos, da melhoria na autoestima e sentimento de pertencimento. Saber que existe um serviço que busca garantir acesso a benefícios e direitos para pessoas com deficiência e pessoas idosas”, comentou ele.

Papel transformador

Para ele, o caso que mais expressa a importância, o papel transformador e de garantia de direitos sociais foi o da família de Rosa. Ela, de 83 anos, é responsável por cuidar de suas duas filhas Roseneli (60 anos) e Rosimar (58 anos), ambas com deficiência que fazem tratamento farmacológico devido ao quadro de saúde mental. Tanto a mãe quantos as filhas acompanhadas pelo serviço e cada uma delas possui um plano de desenvolvimento do usuário.

Ao contar um pouco do trabalho e intervenções feitas junto a família, Maksnay disse que “o SAD pode ser definida pelas palavras: acessibilidade e pelo termo africano “Ubuntu”, que quer dizer humanidade para todos. Trabalhamos com a redução da ocorrência de riscos sociais, seu agravamento ou reincidência, redução e prevenção de situações de isolamento social e de abrigamento institucional e fortalecimento de vínculos familiar e comunitário”, falou ele.

Para a gerente de Atenção à Família, Cremilda Astorga, a implantação do serviço foi um marco importante no Suas Vitória, garantindo acesso a direitos a pessoas que não conseguem acessar o Cras. Atender a pessoa em seu domicílio é ofertar proteção e cuidados, especialmente com ações de estímulo à autonomia e de suporte à participação social. Foi um serviço esperado pela população de Vitória durante anos e em um ano já alcançamos resultados importantes, quando falamos em garantia de direitos.

Acompanhando de perto os resultados do SAD, a secretária de Assistência Social em exercício, Carla Scardua, se emociona ao falar da importância da política pública da Assistência Social para transformação social das famílias em vulnerabilidade. “Este Serviço vai ao encontro das pessoas no seu território de moradia, aproximando cada vez mais o estado do cidadão, em uma atitude de reconhecimento do domicílio do usuário como um espaço privilegiado de acesso a direitos”, enfatizou Carla.