Estudantes lançam livros que celebram a diversidade e a inclusão
“Inclusão é uma coisa fácil, todo mundo pode ter. Não exclua ninguém, pois poderia ser você”. Esse é o trecho de um poema chamado “Inclusão e Igualdade”, que está no livro “Diversidade e Inclusão”, uma coletânea de textos escritos por estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Suzete Cuendet, localizada em Maruípe. O livro foi lançado na noite dessa quarta-feira (13), juntamente com outra obra literária produzida por dois estudantes surdos da unidade de ensino, a releitura em Libras da história “Encurtando o Caminho”.
A diretora da Emef, Rubia Xibili, destacou o compromisso da escola em elevar os estudantes, incentivando a busca por caminhos que promovam uma melhoria significativa em suas vidas. “A gente procura fazer sempre esse trabalho de valorização das crianças, para que elas busquem galgar caminhos que sejam de melhoria de vida. E as famílias já entenderam um pouco desse trabalho. O meu mundo mudou com a educação. Eu vim de uma condição muito simples, mas muito digna, e a educação me deu a oportunidade de ir a novos lugares. Ser autor de uma obra é algo grandioso. Isso conta pontos na vida de vocês. Obrigada às famílias pela presença e a essa equipe bilíngue maravilhosa que nós temos”, disse a diretora.
A coordenadora da Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação de Vitória, Carla Gagno, destacou o significado profundo por trás da trajetória trilhada na escola. Ela ressaltou que as obras abordam não apenas a inclusão, mas o senso de pertencimento. Segundo ela, a escola se torna verdadeiramente inclusiva quando abre suas portas para todos, não apenas afirmando, mas demonstrando na prática a essência da educação inclusiva. “A escola inclusiva é a escola onde cabe todo mundo”, enfatizou.
Como tudo começou
O livro “Diversidade e Inclusão” é uma obra que reflete uma viagem poética pelas mais importantes reflexões e sentimentos sobre inclusão e diversidade na perspectiva dos estudantes. Já o livro “Uma Releitura de Sete Histórias para Sacudir o Esqueleto”: Encurtando Caminhos”, foi reimaginado pelos alunos surdos, trazendo uma perspectiva inovadora sobre o clássico “Sete Histórias para Sacudir o Esqueleto”, da autora Angela Lago. O resultado é fruto de um trabalho incrível coordenado pela equipe bilíngue da Emef com os estudantes surdos matriculados na unidade de ensino.
O professor de Língua Portuguesa Kaique Bragança conta que tudo começou no ano passado, durante o “Setembro Verde”, período em que é celebrado o mês da inclusão das pessoas com deficiência. “Conversei com as turmas do 6º ao 9º ano, trouxe uma psicóloga e exploramos temas como equidade e capacitismo, e assim eles começaram a entender o que é inclusão.” Esse esforço, segundo o educador, resultou em melhorias notáveis nas interações entre os estudantes, compreensão das diferenças e respeito mútuo.
“Realmente, a gente observa uma mudança de comportamento, mudança de postura na relação com outro. Parou de ter essa questão da crítica, do olhar preconceituoso, aquela fala pejorativa. É por isso que a gente trouxe na palestra sobre capacitismo várias conversas com eles sobre a questão do respeito às diferenças. Foi um trabalho bacana, prazeroso e que a gente realmente observa que deu bons resultados”, reforçou a coordenadora de turno Ana Lúcia Sodré.
Adriele Helmer de Souza, mãe do estudante Matheus Souza de Jesus, compartilhou a transformação do filho após ingressar na Escola Suzete Cuendet. Ela descreveu as dificuldades anteriores e como a mudança para a nova escola proporcionou um ambiente acolhedor, possibilitando que Matheus se identificasse com outros estudantes surdos.
“Quando eu trouxe o Matheus para cá, ele se transformou, até porque aqui tinha outros alunos surdos também. Então, ele se juntou com outros alunos, ele percebeu que tinha outras pessoas como ele, e fora o acolhimento das pessoas que trabalham aqui. Ele foi muito bem acolhido, foi tratado com muito carinho, e isso foi melhorando o comportamento dele. O Matheus mudou da água para o vinho. Sem explicação o que aconteceu com ele aqui”, detalhou a mãe.
A professora de Libras Cristiane Milanezi Oliveira explicou como foi o processo de releitura em Libras produzida pelos estudantes Matheus Souza de Jesus e Brenda Marques: “Primeiro eles aprenderam todo o contexto da gramática do português que tinha na história. Com o apoio dos professores surdos e dos bilíngues, eles conseguiram então fazer essa ligação das palavras, das terminologias do português para Libras e conhecer novos sinais”, explicou a educadora.
Inspiração
A estudante Gabriela da Penha Moraes, do do 8º ano B, ganhou o concurso que escolheu a capa do livro “Diversidade e Inclusão” e do qual toda a comunidade escolar participou por meio de votação. Ela conta que sua inspiração veio da realidade inclusiva da escola. “Como tem várias pessoas com deficiência dentro da escola, eu me inspirei nessas pessoas e fiz o desenho baseado na nossa realidade. Foi uma surpresa muito grande eu ter ganhado. Eu me sinto muito feliz e também é muito gratificante estar com uma capa que foi construída baseada na realidade que a gente vive aqui na escola”, disse.
Gabriella Rocha Costa, do 8º ano C, destacou a importância do livro como uma ferramenta para combater o preconceito, expressando sua visão no texto “Respeito no mundo”. “Eu escrevi esse texto porque no mundo falta respeito. Eu acho que foi legal fazer o livro para mostrar para as pessoas para elas não terem preconceito. É um incentivo”, enfatizou a estudante.
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